Cresce o número de vítimas de quedas atendidas no Hospital Geral de Nova Iguaçu
O Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI) acendeu o sinal de alerta para o aumento de vítimas de queda de altura. Somente este ano, o Centro de Trauma da unidade já realizou 1.092 atendimentos, número que supera todo o volume de 2023 (978) e se aproxima do total de 2024 (1.272). O crescimento, de 14% em relação ao ano anterior, preocupa a equipe médica, que observa dois fatores principais para o aumento nas ocorrências: acidentes de trabalho em lajes e telhados e quedas domésticas envolvendo idosos.
O aumento chama tanto a atenção que as quedas de altura já aparecem como a terceira principal causa de atendimento no Centro de Trauma do HGNI em 2025, ficando atrás apenas dos acidentes de moto e das colisões. Para se ter uma ideia da gravidade, as quedas superam ocorrências de vítimas atropeladas, baleadas ou feridas por arma branca, que historicamente estão entre as mais registradas no hospital.
No HGNI, os casos são divididos entre quedas de altura, de lajes, escadas e andaimes, e da própria altura como tropeços e escorregões. O atendimento é feito inicialmente por um cirurgião geral, que avalia a gravidade e encaminha o paciente para a especialidade adequada — ortopedia, neurocirurgia ou outras áreas. O tempo médio de internação é de dez dias, podendo variar conforme a idade do paciente e a gravidade da lesão. Entre as lesões mais comuns estão as fraturas de fêmur, bacia, calcanhar e até mesmo traumatismo cranioencefálico.

“Muitas vezes, uma queda acontece por algo simples, um descuido, um piso molhado, uma escada mal apoiada, mas as consequências podem acompanhar a pessoa pelo resto da vida. Há pacientes que precisam mudar totalmente a rotina depois de uma fratura grave, enfrentando limitações e um longo processo de reabilitação. Por isso, é importante reforçar o cuidado e a atenção no dia a dia”, alertou o diretor-geral do HGNI, Ulisses Melo.
Entre os casos mais comuns estão os acidentes de trabalhadores durante atividades em altura. Um deles é Marcelo Andrade da Silva, de 57 anos, que caiu de cerca de três metros enquanto trabalhava. O impacto causou lesões na coluna e o deixou desacordado por alguns instantes.
“Eu trabalho na correria de obra desde os 13 anos e se pudesse dar um conselho seria: um segundo vale uma vida, tenha sempre atenção aos detalhes. No meu caso, eu coloquei a escada de alumínio na parede rapidamente e não percebi que o pé dela estava em falso. Quando cheguei no topo dela, ela cedeu e eu caí”, contou Marcelo.
Incidentes envolvendo idosos durante as suas rotinas também são bem comuns. Agostinho Lopes Fernandes, de 73 anos, foi internado após tropeçar no meio-fio ao ir até um carro de aplicativo quando saía do trabalho. A queda resultou em uma fratura no fêmur esquerdo.
“Eu estava saindo do trabalho e tropecei na calçada. Caí com tudo e não consegui mais levantar. Já tenho um pé amputado, então qualquer desequilíbrio pesa. Achei que fosse algo simples, mas acabei fraturando o fêmur”, concluiu Agostinho.
