‘Palavras ao Vento’, de Cássia Eller, ‘É Preciso Saber Viver’, de Roberto Carlos, ‘Trem-Bala’, de Ana Vilela, ‘O Sol’, de Vitor Kley, ‘Ouvir Dizer’, de Melim, entre outras. Quem passa em frente aos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) de Monte Verde, na Cerâmica, e Terras de Marambaia, no Parque Estoril, em Nova Iguaçu, com certeza já ouviu essas canções da MPB, sendo cantadas pelos alunos do curso da Oficina de Música, oferecido pela Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS).

Cerca de 45 alunos frequentam as aulas nos dois CRAS. Antes de começarem a cantar, eles fazem um aquecimento corporal e respiratório, além de exercícios vocais. O grupo é formado por pessoas de várias faixas etárias, a grande maioria de mulheres. De acordo com o professor de música e estudante de produção fonográfica, Marcos Joni Cordeiro Gonçalves, de 24 anos, a oficina, além de ensinar a cantar, pode contribuir para modificar várias etapas da vida da pessoa, como financeira e emocional.

“Ela traz bem estar à pessoa, melhora a concentração e ajuda na leitura, assim como na respiração. É importante aliada à saúde. A música tem transformado a vida das pessoas, além de ser divertida. Vemos no olhar de cada um a satisfação de participar da aula”, explicou o professor, que dá aula nos CRAS há um ano.

O autônomo Jeferson Ferreira Santiago, 26, morador de Marambaia é um exemplo desta transformação citada pelo professor. O rapaz diz que teve a vida transformada após começar a frequentar as aulas. “A música me tirou do fundo do poço. Escolhi essa oficina para superar o fim de um relacionamento e sair de um processo de depressão. Foi através desta atividade que consegui me reerguer. Conheci novos amigos e aumentei o vínculo entre eles”, disse Jefferson que, com a colega Sabrina Cipriano dos Santos compôs a canção ‘O CRAS é pra Você’, bastante usada nos ensaios do grupo.

Moradora do Parque Estoril, Sabrina, de 18 anos, é uma das frequentadoras da oficina do CRAS Terras de Marambaia. Ela afirma que as aulas têm fortalecido seu grande sonho de se tornar uma grande cantora. “Quero tocar em casa de shows, ter uma carreira de sucesso e ser uma grande artista. Compor música é meu sonho, o que mais gosto de fazer. É como sempre digo, música é minha religião. Além de aprimorar minha técnica como cantora, a música melhorou minha leitura, ajudando-me a me expressar melhor”, contou a jovem, que também aprendeu a tocar violão e tem como ídolo musical, a ex-The Voice Brasil, Carol Biazin.

Transformação também é a palavra que marca a dona de casa Sirlene Porto, de 52 anos. Moradora do Ponto Chic, ela deixou Brasília após se separar do marido, depois de 32 anos de relacionamento. “Foi uma separação dolorosa que mexeu comigo. Vim para Nova Iguaçu no início do ano apenas com meu filho de 9 anos, que é o mais novo da turma. A música me tirou do abismo, da solidão, me deu uma nova vida, muito mais feliz. Ela ainda desenvolveu a vontade do meu filho de ser um grande baterista gospel. A música é minha terapia”, afirmou Sirlene.

Para a secretária de Assistência Social de Nova Iguaçu, Elaine Medeiros, a oficina desperta o gosto pela música, oportunizando desenvolver as habilidades e promover conhecimento para cada participante. “Com o objetivo sempre de prevenir riscos e fortalecer vínculos familiares”, explicou Elaine.

No Cras de Monte Verde, as aulas acontecem às segundas-feiras, das 15h às 16h e em Terras de Marambaia, às quartas e quintas-feiras, das 14h às 16h.