Gisele Bündchen, Alessandra Ambrósio, Isabeli Fontana, entre outras. Qual menina não sonha se tornar uma destas modelos brasileiras que fazem sucesso em todo o mundo? Em Nova Iguaçu, crianças, adolescentes e pessoas de todas as idades participam de uma oficina gratuita de modelo e manequim, que acontece nos Cras (Centro de Referência de Assistência Social) Cerâmica, Centro e Miguel Couto, todos da Prefeitura. São nestes espaços que o sonho de mais de 100 pessoas inscritas no projeto é vivido até que se torne uma realidade.

“A carreira da minha neta começou a decolar desde que passou a frequentar o Cras da Cerâmica, pois ela está levando a sério todos os ensaios. Ela já desfilou na Barra da Tijuca e ano que vem vai para Brasília. Quer ser a nova Gisele Bündchen. É o início de um sonho”, contou emocionada a dona de casa, Eunice Dantas, de 58 anos, avó da pequena Hilary, de 6.

De acordo com a superintendente de Proteção Social Básica da Secretaria de Assistência Social, Juliana Gomes, a oficina começou em fevereiro desse ano e conta com homens e mulheres de todas as faixas etárias O trabalho, segundo Juliana, está sendo levado para fora dos muros dos Cras, como em desfiles no Calçadão de Nova Iguaçu, na Casa da Cultura da cidade e no Sesc.

“Sempre vai haver um olheiro que possa se interessar por alguma menina que tenha potencial para ser modelo e ser chamada para algum trabalho profissional. Essa oficina mexe com a autoestima e reflete até na saúde mental e física. Inserir estas pessoas no mercado de trabalho é importante e também queremos oferecer um bem estar a elas”, afirma Juliana.

Aos 31 anos, a dona de casa Cristiana da Silva Sodré, acredita que nunca é tarde para começar a seguir a carreira de modelo. Ela sonha chegar a desfilar na Europa. “Vim para mostrar o talento e a beleza negra, e desfilar em Paris e Londres. Mesmo sem ganhar dinheiro agora, quero estar na vitrine e aparecer para o mundo. Tinha uma vida ociosa até conhecer a oficina de modelo há três meses”, comentou.

Os irmãos Dafner, 14 e Lesran, de 15 anos, participam da oficina ao lado da mãe Marcia Pereira Monteiro, 47, que já foi chacrete (assistente de palco do programa do Chacrinha) na década de 80. Os adolescentes, moradores da Cerâmica, querem desfilar para lojas de roupas de grife.

“Queremos realizar esse sonho juntos e trabalhar para lojas de roupas até chegar às passarelas de todo o Brasil”, disse Dafner.

E o curso de modelo e manequim também tem funcionado como terapia para pessoas que lutam contra doenças graves, como a moradora do Ponto Chic, Elza Santos Cotta, 66, que há três anos descobriu um câncer de mama.

“Há cinco meses que frequento esta oficina. Já desfilei no Centro e me senti renovada, me incentivou a lutar mais contra a doença. Quero ser conhecida como a modelo da terceira idade. Sou uma pessoa mais jovem e mais feliz”, afirmou Elza.

O oficineiro de modelo e manequim dos Cras, Luis Antônio Rabelo da Silva, espera aumentar o número de vagas para janeiro, já que há uma fila de espera no curso. “É um trabalho novo dentro do Cras, que não existia. Só aqui na Cerâmica há 70 inscritos. Ensinamos a eles as técnicas de postura, etiqueta e de passarela. Aqui descobrimos vários talentos. Muitas já foram chamadas para fazerem desfiles de loja, fotografar e catálogos”, garantiu ele.

O principal serviço do Cras é o Serviço de Atenção Integral às Famílias que estão em vulnerabilidade social, que é complementado pelo Serviço de Convivência de Fortalecimento de Vínculos. Na Cerâmica, o Cras oferece o cadastro único para o cadastramento do Bolsa Família e de programas sociais, como tarifa social, isenção em concurso público, isenção de documentos e gratuidade para casamento para quem tem uma renda de até R$ 3 mil, além de palestras temáticas e oficinas de Modelo e Manequim, DJ, Canto e Coral, Contação de História, brincadeiras.