Conferência debate direitos da criança e do adolescente

“Eu tenho direito a estudar e também a brincar. São coisas do cotidiano, mas que muitas crianças e adolescentes não fazem, infelizmente, pois começam a trabalhar cedo demais”. A lamentação, em tom de desabafo, é de Kayke Louro de Araújo, 15 anos, morador do bairro Jardim Canaã, em Nova Iguaçu. Ele e cerca de outras 200 pessoas participaram, neste sábado (10), da 11ª Conferência Municipal dos Direitos da Criança do Adolescente, evento promovido pela Prefeitura de Nova Iguaçu, por meio do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

A conferência deste ano foi realizada no auditório da Secretaria Municipal de Educação, a Casa do Professor, e teve como tema ‘Proteção Integral, Diversidade e Enfrentamento da Violência’. Uma palestra com Maria de Fátima da Silva, representante do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, abordou o tema. Na plateia, conselheiros tutelares, crianças e adolescentes acompanhados dos pais.

“A proteção integral à criança começa desde o momento em que ela está no ventre da mãe. A diversidade está relacionada às políticas públicas para crianças e adolescentes com relação a questões religiosas, LGBT e indígenas, por exemplo. Já o enfrentamento da violência está na necessidade de promover ações preventivas onde estes meninos e meninas são os protagonistas e fazem parte da fala”, explica Maria de Fátima, revelando o lema criado para a conferência.

“Nosso slogan é ‘Não fale de mim sem mim. Faça por mim comigo’. Não se pode fazer política para crianças e adolescentes sem ouví-las. Elas têm que ser sujeito na participação, não objeto. Isso muda a cultura e a forma de fazer política junto à criança. Ela tem direito a dar opinião”, finaliza a palestrante, que também integra a comissão da Conferência Estadual dos Direitos da Criança do Adolescente.

Para que fosse realizada a conferência municipal, 14 delegados (sendo quatro crianças e 10 adolescentes) foram escolhidos previamente durante a 1ª Conferência Livre de Crianças e Adolescentes de Nova Iguaçu, a primeira do estado do Rio de Janeiro realizada exclusivamente com crianças e adolescentes.

“Há uma ideia recorrente na sociedade de que as crianças e jovens não têm opinião, que não sabem das coisas por não terem vivência. Mas isso é uma grande bobagem. Foram elas quem definiram as propostas e ações a serem apresentadas nesta conferência”, revela Flávio Médici, subsecretário dos Conselhos Municipais, da Secretaria Municipal de Governo, e presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Nova Iguaçu. Segundo ele, um dos principais tópicos apontados durante a conferência foi o bullying nas escolas.

Kayke Louro de Araújo, um dos 14 delegados escolhidos para a conferência deste sábado, revela que um amigo da escola sofre com as piadas dos colegas de turma por estar acima do peso. “A partir das oficinas e apresentações aprendi muito sobre nossos direitos, inclusive que o bullying pode e deve ser denunciado. Vou conversar com meu amigo e explicar isso a ele”, conta Kayke, que revela ter conhecido não só os direitos da criança e do adolescente. “Saber dos nossos deveres também é muito importante. Devemos respeitar sempre nossos pais, os professores e os colegas.”

A 11ª Conferência Municipal de Direitos da Criança e do Adolescente de Nova Iguaçu teve ainda as presenças da secretária de Assistência Social, Elaine Medeiros, da secretária de Educação, Maria Virgínia Andrade Rocha, do secretário de Meio Ambiente Fernando Cid e do bispo da Diocese de Nova Iguaçu, Dom Luciano Bergamin.

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